domingo, 1 de fevereiro de 2009

Da Secretária Jandira Feghali à Classe Teatral‏

Amigos da classe teatral,

A reportagem publicada no último dia 28 de janeiro, quarta-feira, na capa do Segundo Caderno do jornal O Globo merece uma resposta para todos vocês. A começar pelo título: diante da pergunta "É o fim do feudo?", é imperioso responder que sim, o feudo está chegando ao fim. A era dos interesses privados, que se sobrepuseram aos públicos em muitos palcos desta cidade, está com os dias contados.

Mas também é importante dizer que há incorreções bastante graves na reportagem, isso sem falar em algumas mentiras, que poderiam ser evitadas com uma apuração um pouco mais completa dos fatos.

Peço a atenção de vocês para o esclarecimento ponto a ponto que faço nos próximos parágrafos. O Globo dá a entender que fomos lentos no contato com os diretores de teatro responsáveis pela rede municipal. Não fomos. Esta é uma gestão pautada pela reflexão.

Avaliamos cada teatro antes de tomar qualquer decisão. É verdade que não me reuni pessoalmente com cada diretor, mas as equipes existem para que as tarefas sejam divididas. Justamente por confiar integralmente no time que montei para a Secretaria de Cultura, considerei bastante satisfatório que todos os diretores da rede fossem procurados pelos meus colaboradores – subsecretários e coordenadores de área – deste a fase de transição, antes mesmo que eu tomasse posse. Confio na minha equipe.


Vamos ao pontos, então:

SOBRE ANA LUISA LIMA: A coordenadora da Rede é produtora, sim, mas
não há qualquer erro de currículo para o cargo administrativo que vai
ocupar. Graduada em teatro pela UNI-Rio, ela já se desligou de sua empresa, a Sarau, justamente porque entendemos que as questões públicas não podem se misturar com as privadas, o que vem ocorrendo em muitos teatros da Prefeitura. Ana Luisa tem grande experiência na área teatral, ótimo trânsito com produtores, mas também com diretores e atores. Foi uma das fundadoras da APTR e é uma das autoras da Lei do Teatro, atualmente em trânsito no Senado Federal.

DIRETORES QUE ALEGAM NÃO TEREM SIDO PROCURADOS: Respondo por todas as questões da secretaria e já tinha agendado uma reunião com os
diretores dos teatros para o dia 6 de fevereiro, muito antes de a reportagem ser publicada. Depois que minha
equipe já tivesse avaliad o as condições de cada um deles. ANA LUISA
MANDOU UM E.MAIL PARA TODOS OS DIRETORES DA REDE os convidando para a minha posse, no dia 1 de janeiro, no Palácio da Cidade. E conversou
com todos, indistintamente.

RIOFILME: Este é um dos pontos mais graves em termos de incorreção
da matéria. A citada funcionária, Sônia Soares, NÃO é dos quadros da
Riofilme. Nunca pertenceu aos quadros da autarquia, porque, FOI
ALOCADA NA RIOFILME, IRREGULARMENTE, PELO EX-PREFEITO CESAR MAIA. O salário desta funcionária eram pagos diretamente pelo gabinete de
Cesar. E foi ele mesmo quem a exonerou, sabendo desta irregularidade,
no dia 31 de dezembro de 2008. Não temos nada a ver com esta dispensa.
Mais uma vez, se o presidente da Riofilme tivesse sido ouvido, tudo
teria sido esclarecido.

MOACIR CHAVES - Moacir Chaves MENTIU ao dizer que não foi
procurado pessoalmente por nossa equipe. Ainda na transiç? ?o, os então
colaboradores e hoje subscretários Randal Farah (Gestão) e Humberto
Araújo (Democratização e Difusão Cultural) estiveram com Moacir no
Teatro do Planetário e ficaram cientes de todos os problemas por que
passava aquele palco. Já no cargo, Ana Luisa Lima fez uma visita ao
Planetário, e só não esteve novamente com o diretor porque ele tem
passado os dias de semana em São Paulo, onde ensaia um novo
espetáculo. Se a repórter tivesse procurado Ana Luisa, isso teria
sido esclarecido. Se eu mesma tivesse sido perguntada especificamente
sobre isso, o mesmo aconteceria.

O CASO ZIEMBINSKY: Esta parte da reportagem também é realmente
grave. O referido diretor do Ziembinsky só tem esta função desde
dezembro de 2008. Antes disso, de acordo com nossa apuração, recebia,
sem qualquer registro regular sobre isso, como curador, cargo para o
que foi nomeado (verbalmente, jamais no papel) em outubro do mesmo
ano. ATÉ DEZEMBRO, O DIRETOR OFICIAL DO ZIEMBINSKY ERA ROBERTO
ALVIM, QUE MORAVA EM SãO PAULO. Desde a entrada de Ana Luisa Lima,
Carlos Augusto Nazareth demonstrou bastante ansiedade em relação às
medidas tomadas. Trocou inúmeros e.mails com a gestora, que dedicou a
tarde da última sexta-feira a uma reunião com ele. A ansiedade deste
senhor foi tanta que ele enviou sua carta de demissão para a pessoa
errada, já que os salários dos diretores são pagos por empresas
terciarizadas. No caso dele, pela MGS Marketing e Eventos LTDA. De
qualquer forma, diante de sua manifestação, já encaminhamos o caso.

CLAUDIO BOTELHO: O diretor do Carlos Gomes foi procurado
diretamente por Ana Luisa Lima e trocou com ela uma série de e.mails,
dos quais ela tem cópia. Na primeira visita ao Carlos Gomes não foi
procurado porque a gestora queria avaliar questões administrativos,
já que cada teatro, isto a reportagem também não esclarece para o
grande público, tem um programador artístico, caso de Botelho, e ainda um
administrador.

SOBRE OS 15% - Reter este valor nos teatros, formando a popular
caixinha, é ilegal, que uma secretária não pode apoiar. Caso sejamos coniventes, corremos o risco de responder na justiça por isso. Sabemos que o modelo hoje vigente, de recolhimento do dinheiro ao Tesouro, também não é o mais eficiente, por ser moroso. E é por isso mesmo que estamos querendo formar o Fundo Municipal de Cultura retomar a Fundação Rio. Este último projeto já foi encaminhado ao prefeito Eduardo Paes.

PÚBLICO x PRIVADO: Sabemos que a responsabilidade pelo
modelo hoje em vigor na Rede não é dos diretores, e sim da antiga
Secretaria de Cultura (ou das Culturas, como queria meu antecessor).
Mas alguns foram coniventes com a manutenção de feudos nos teatros,
qu e frequentemente abrigavam uma sucessão de espetáculos dirigidos
por seu próprio gestor. Tal situação é incongruente, porque o
aparelho público não é um empresa privada. A reportagem nos acusa,
ainda que não diretamente, de pouca rapidez na condução deste
processo, mas "perdemos tempo" justamente analisando caso a caso e
estabelecendo um perfil para cada palco.

Os novos responsáveis pela programação dos teatros serão nomeados nos próximos dias, de forma coerente com estes perfis. Estamos falando de
um conceito para a programação e também de um procedimento-padrão
para os gestores, que não poderão mais decidir a pauta seguindo seus
interesses pessoais. Haverá um norte e certamente a classe teatral
vai sentir a diferença e nossa tentativa de democratização e um novo modelo de gestão.

Conto com as sugestões de vocês nesta empreitada que será a nova gestão. Queremos um modelo novo de administração, que não privilegie apenas determinados grupos.


Um abraço,

Jandira Feghali
Secretária Municipal de Cultura

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