Daniel Schenker, Jornal do Brasil
RIO - José Padilha aborda famílias (no sertão do Ceará e na periferia de Fortaleza) que sofrem com a fome nem sempre por não ter o que comer, mas também pela falta de acesso aos alimentos essenciais à subsistência. Com frequência passam dias à base de garapa, mistura de água e açúcar. A precariedade, como mostra o diretor, não é “só” de ordem econômica: alguns chafurdam em relações arruinadas, possivelmente por comodismo.
O resultado lembra Estamira (Marcos Prado é um dos produtores), apesar de o objetivo não ser o de penetrar num hermético funcionamento psíquico. A contundência fica por conta de uma câmera que flagra a miséria sem pudor. O registro, porém, não chega a ser sensacionalista.
Filmado em preto e branco, com textura granulada, bate na tela com uma estrutura menos refinada que a de Tropa de elite e, em especial, Ônibus 174, filmes anteriores de Padilha que conjugam características do documentário e da ficção. E o contato entre equipe e personagens, marcado por certa dose de distanciamento, poderia ter sido mais desenvolvido.
São João em casa
Há 4 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário