Escrita por William Shakespeare, na virada do século XVII, a tragédia Hamlet permanece como a peça mais celebrada em toda a história do teatro. Desta vez, o texto volta a ser encenado com o frescor e o despojamento que marcaram sua estréia, há quatro séculos. Nos dias 18, 19 e 20 de junho, a bem-sucedida montagem com direção de Aderbal Freire Filho e protagonizada por Wagner Moura entra em cartaz no Teatro Odylo Costa, filho da UERJ em curtíssima temporada popular. Os ingressos para o espetáculo já estão à venda na bilheteria do Teatro, que funciona de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 20h.
Para ser fiel ao universo shakesperiano, Aderbal resolveu fazer uma nova tradução da peça, assinada em parceria com a professora de inglês Barbara Harrington e o próprio Moura. "Nossa tradução não privilegia o literário, mas busca a humanidade do que é dito. Não foi feito nenhum corte, mas conseguimos deixar o texto mais comunicativo", avalia o ator. "Descobri muita coisa traduzindo. ‘Hamlet’ é a peça de Shakespeare que mais fala sobre teatro: esse foi o mote de minha direção. Em cena, teremos os atores sempre no palco, como se fossem uma companhia de teatro contando a história", explica o diretor, que tem outra peça do bardo inglês no currículo, ‘As you like it’, montada em 1985.
A concepção do espetáculo é baseada no famoso conselho de Hamlet aos atores, no terceiro ato da peça, quando ele usa uma companhia de teatro para encenar a morte de seu pai, o rei Hamlet, na frente de seu algoz e sucessor, Claudio (interpretado por Tonico Pereira). Hamlet pede para que os atores esqueçam o tom impostado de representação e respeitem o texto, assim como Aderbal pediu ao elenco desta versão:
"Quero manter Hamlet vivo, como se dissesse o texto pela primeira vez e não repetindo palavras impressas. Quero que as pessoas entendam o que acontece no palco. O espetáculo é natural, acontece no presente, mas não é naturalista e nem de época", frisa.
O diretor foi o primeiro nome lembrado por Wagner, também produtor do projeto. Aderbal também foi o responsável pela última peça do ator, Dilúvio em tempos de seca (2004). "Nos ensaios, percebi que meus outros personagens tinham uma sombra de Hamlet, alguns também não tinham pai e eram sombrios ou melancólicos", diz sobre a construção do atormentado príncipe da Dinamarca.
Para a preparação, o ator assistiu a uma série de versões do texto no cinema, em filmes estrelados por Laurence Olivier, Innokenti Smoktunovsky, Mel Gibson, Adrian Lester, Kenneth Branagh, Blair Brown e Ethan Hawke. Um dos maiores especialistas em Shakespeare, o crítico literário inglês Harold Bloom chegou a afirmar certa vez que "o personagem é dotado de brilho espiritual e intelectual superior ao de todos nós, humanos, e de seus intérpretes, inclusive". Wagner concorda quanto às diversas facetas de Hamlet: "Ele é muitos e cada intérprete é um Hamlet diverso, não só porque os atores são diferentes, mas o personagem é tão complexo que nos comporta a todos", analisa.
ELENCO – Com dez atores, o elenco traz nomes como Georgiana Góes (Ofélia), Caio Junqueira (Horácio), Fábio Lago (Laerte) e também a dupla Gillray Coutinho (Prêmio Eletrobras por O Púcaro Búlgaro) e Candido Damm, parceiros de longa data de Aderbal. Carla Ribas volta ao teatro para viver a rainha Gertrudes, depois do êxito como protagonista do elogiado longa A Casa de Alice, selecionado para a última edição do Festival de Berlim.
Recém-premiada com o Shell por As Centenárias, a dupla Fernando Mello da Costa e Rostand Albuquerque assina a cenografia. De acordo com a proposta da direção, eles deixam o palco vazio, com poucos elementos e um espaço lateral onde os atores ficarão quando não estiverem em cena. Algumas projeções – com imagens de cena filmadas em tempo real – ilustram a parte central do cenário em momentos específicos.
Apesar de uma discreta inspiração na Renascença, os figurinos de Marcelo Pies não determinam época nem local. "As roupas são neutras, equilibram o épico com o atual, mas não são roupas de hoje em dia. O espetáculo mostra uma atualização profunda, mas não busca a modernidade aparente", analisa Aderbal. Parceiro do diretor em uma série de trabalhos, Maneco Quinderé é o responsável pela iluminação.
A trilha sonora ficou a cargo de um estreante na área: Rodrigo Amarante, que até o ano passado integrava o quarteto Los Hermanos. Apaixonado por teatro, o músico assistiu aos últimos trabalhos de Aderbal e se ofereceu para fazer a música de um próximo espetáculo. Ele apresentará canções inéditas, compostas especialmente para a montagem.
A TRAGÉDIA No Castelo de Elsinor, na Dinamarca, o fantasma do Rei Hamlet aparece para seu filho, o príncipe Hamlet, e exige uma vingança. O espectro diz ter sido envenenado pelo próprio irmão, Claudio, enquanto dormia. Claudio acaba se casando com a Rainha Gertrudes, mãe de Hamlet, roubando de seu pai a um só tempo a vida, a coroa e a mulher. Paralelamente, Hamlet se apaixona pela jovem Ofelia, filha de Polônio, conselheiro de Claudio e Gertrudes, e irmã mais nova de seu amigo Laertes.
HAMLET, de William Shakespeare
Com Wagner Moura e grande elenco.
Datas: 18 (quinta), 19 (sexta) e 20 (sábado) de junho de 2009
Horários: 19h30 (qui e sex), 20h (sab)
Local: Teatro Odylo Costa,filho/UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã
Informações: 2587-7116/7796
Classificação Etária: indicado para maiores de 14 anos
Ingressos: R$30,00(inteira)
R$15,00 (meia-entrada: estudantes, terceira idade, Clube do Assinante – O Globo - e com a doação de 1 lata de leite em pó para a entidade Rede de Voluntariado do Hospital Universitário Pedro Ernesto)
Lotação: 1.106 lugares
Fonte: Site UERJ
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